Conjuntura Internacional

"Risco Xangai"

As sanções impostas à Rússia demonstram a relativa preponderância do Ocidente, por mais que o efeito de algumas sanções sejam efêmeras

Por Cezar Roedel
Consultor de Relações Internacionais
[email protected]


Enquanto as tensões redobram, a partir dos efeitos da contraofensiva empreendida pela Ucrânia, em um campo de batalha cada vez mais complexo, reuniu-se em cúpula a Organização para Cooperação de Xangai (OCX). A organização foi fundada em 2001 e reúne países como China, Rússia, Índia, Paquistão, bem como Ex-Repúblicas Soviéticas. O seu objetivo é o de articular estratégias para a segurança na região, com forte apelo antiocidental _ a OCX também discute temas como a substituição do dólar como moeda corrente internacional e até mesmo uma possível aliança militar para confrontar com a OTAN. Esses discursos tomaram ainda mais relevo com base na conjuntura que se desenhou no tabuleiro geopolítico. Desde a eclosão da guerra na Ucrânia, os países que manifestaram apoio à Rússia e até aqueles com posição dúbia, como a Índia, fizeram emergir uma concepção inclinada ao questionamento da ordem internacional posta, onde impera o dólar e o espaço de manobra é muito maior em favor das potências ocidentais. As sanções impostas à Rússia demonstram a relativa preponderância do Ocidente, por mais que o efeito de algumas sanções sejam efêmeras. Xi Jinping e Putin participaram, virtualmente, da última cúpula da organização.  

Ponderações
Algumas ponderações são importantes: 1) a Índia superou a China em termos de população e persegue um crescimento anual que pode superar o chinês, tornando-se em 2022 a quinta maior potência econômica mundial, passando o Reino Unido; 2) a China já possui o maior exército e a maior marinha de guerra do mundo, articulando uma projeção militar internacional que alcança a África, inclusive com bases militares. Além disso avança com o seu programa de projeção econômica, denominado Belt and Road Initiative, que visa literalmente "comprar" países do terceiro mundo, inclusive ditaduras latino-americanas. Há de se mencionar também o célere programa nuclear do país, em meio às narrativas nucleares e as duvidosas pretensões com Taiwan; 3) a Rússia e a China buscam resultados de sua "parceria sem limites", inclusive havendo a suspeição de possível ajuda militar de Pequim a Moscou.

Irã
A política externa fracassada de Biden abriu mais espaço para que o regime terrorista do Irã pudesse reforçar o seu programa de enriquecimento de urânio, que se encontra em estágio de risco à segurança internacional. Soma-se a esse fato a recente adesão do país à OCX, como membro pleno, em momento de narrativas inflamadas contra o Ocidente e os EUA.

Os discursos
Posicionamentos levados à cabo na cúpula da OCX, de forma indireta, demonstram a indisposição de seus membros com a ordem internacional vigente, bem como, em sua visão, "a apropriação pelo Ocidente do conceito de segurança internacional". Assim, os países da OCX advogam pela sua visão de "segurança internacional", que engloba uma guerra completamente ilegal contra um país soberano e um potencial conflito com Taiwan.

Posição
Torna-se necessário que as potências ocidentais tomem a dianteira, não permitindo que a organização possa impor a sua visão de segurança internacional, antes que seja tarde, o que seria um caos incalculável. Nessa parceria, entre China-Irã-Rússia, há de se manter constante observação, gerenciar riscos geopolíticos e articulação de eventual pronta resposta.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Imóveis ociosos e déficit habitacional

Próximo

PSDB: ainda não se definiram?

Deixe seu comentário